Eu desenhei você
Quando eu quero sentir, eu evito escrever. Quando quero sentir eu desenho.
Me falaram que você era óbvio, mas não consigo resumir as pessoas tão simplesmente assim.
Ocultamos, protegemos, traçamos nossos limites internos delimitando perfeitamente o que tudo bem e o que definitivamente não deixaremos transparecer. Pessoas são seres profundos, são universos próprios, são motivações, lembranças, sonhos, impulsos e contradições.
Somos absolutamente além do óbvio.
Me irrita a ideia recorrente de ter sido mais um adesivo na sua coleção, seu histórico é ruim, mas me irrita mais ainda a forma fatídica pela qual caí no profundo do brilho de seus olhos.
Eu senti.
De verdade, pela primeira vez eu senti.
Não é aquela paixão arrebatadora que os filmes e livros de romance pregam, e eu nem queria que fosse, ser extrema demais me parece um pouco sufocante. Não, foi aos poucos, do nada, e então algo estava certo.
E era você.
Fere meu orgulho, fere meus sentimentos, fere a visão sincera que tive de ti e realmente desejei que não se tratasse de idealização.
Era mentira? O brilho nos seus olhos era mentira? Ou era apenas deleite temporário.
Sim, quis a atenção, adorei os elogios, sorria como idiota lembrando das mensagens, sonhei com seu maldito rosto bonito e não conseguia te tirar da porra da minha cabeça.
Eu gostei de você, não fizemos muito, mas sei que gostei de você.
Agora tenho medo de mim. Tenho medo de conseguir normalizar ações que antes precisavam de uma construção cuidadosa. Também tenho medo de ter emocionado demais, sentido demais, pensado demais.
Sou uma idiota excessivamente honesta.
Sou devagar, hesito, tomo cuidado porque quero ser leal a mim mesma. Então quando eu falo, I mean it.
Não quero ser a porra de uma ovelhinha burra, mas precisar desconfiar de cada passo que dou me levaria a loucura. Quero ser leve, quero ouvir e falar verdades completas. Não necessariamente verdades agradáveis, não necessariamente promessas eternas. Intensidade aleatória me parece um exagero falso.
Apenas..não minta pra mim, porque vou acreditar em você.
Acredito nas pessoas. É um risco, mas é como sou.
Odeio ter que aprender que as coisas significam bem menos do que acho que significam.
Você realmente é tão óbvio assim?
Sei que não.
Mas também sei que talvez nunca vá caber a mim o mistério de seus pensamentos.